domingo, 29 de março de 2009

O MITO DA CAVERNA de Platão

Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um muro alto. Entre o muro e o chão da caverna há uma fresta por onde passa um fino feixe de luz exterior, deixando a caverna na obscuridade quase completa. Desde o nascimento, geração após geração, seres humanos encontram-se ali, de costas para a entrada, acorrentados sem poder mover a cabeça nem se locomover, forçados a olhar apenas a parede do fundo, vivendo sem nunca ter visto o mundo exterior nem a luz do sol, sem jamais ter efetivamente visto uns aos outros nem a si mesmos, mas apenas as sombras dos outros e de si mesmos por que estão no escuro e imobilizados. Abaixo do muro, do lado de dentro da caverna, há um fogo que ilumina vagamente o interior sombrio e faz com que as coisas que se passam do lado de fora sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna. Do lado de fora, pessoas passam conversando e carregando nos ombros figuras ou imagens de homens, mulheres e animais cujas sombras também são projetadas na parede da caverna, como num teatro de fantoches. Os prisioneiros julgam que as sombras de coisas e pessoas, os sons de suas falas e as imagens que transportam nos ombros são as próprias coisas externas, e que os artefatos projetados são seres vivos que se movem e falam.
Um dos prisioneiros, inconformado com a condição em que se encontra, decide abandoná-la. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. De inicio, move a cabeça, depois o corpo todo; a seguir, avança na direção do muro e o escala. Enfrentando os obstáculos de um caminho íngreme e difícil, sai da caverna. No primeiro instante, fica totalmente cego pela luminosidade do sol, com a qual seus olhos não estão acostumados. Enche-se de dor por causa dos movimentos que seu corpo realiza pela primeira vez e pelo ofuscamento de seus olhos sob a luz externa, muito mais forte do que o fraco brilho do fogo que havia no interior da caverna. Sente-se dividido entre a incredulidade e o deslumbramento.
Ao permanecer no exterior o prisioneiro, aos poucos se habitua a luz e começa a ver o mundo. Encanta-se, tem a felicidade de ver as próprias coisas, descobrindo que estivera prisioneiro a vida toda e que em sua prisão vira apenas sombras. Doravante, desejará ficar longe da caverna para sempre e lutará com todas as forças para jamais regressar a ela. No entanto não pode deixar de lastimar a sorte dos outros prisioneiros e, por fim, toma a difícil decisão de regressar ao subterrâneo sombrio para contar aos demais o que viu e convencê-los a se libertarem também.
Só que os demais prisioneiros zombam dele, não acreditando em suas palavras e, se não conseguem silenciá-lo com suas caçoadas, tentam fazê-lo espancando-o. Se mesmo assim ele teima em afirmar o que viu e os convida a sair da caverna, certamente acabam por matá-lo. Mas quem sabe alguns podem ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidir sair da caverna rumo a realidade?

domingo, 22 de março de 2009

Dos Pré-Socráticos até os Sofistas

A filosofia surge na Grécia entre os séculos VI e VII a. C. quando há um rompimento com o pensamento mítico (que ainda coexistira junto com o pensamento filosófico) e o homem, fruto da polis grega, não mais aceita a explicação do mito para a sua realidade.
È da cidade de Mileto (importante ponto comercial) que surgem os primeiros filósofos: Tales (chamado de “pai da filosofia”, Anaximandro e Anaxímenes. Esses três tem em comum além da cidade de origem, mileto, a constante busca pela definição do elemento fundamental das coisas. Tales acha que o elemento fundamental é a água, já Anaximandro acredito que o elemento fundamental é indefinido chamando-o de “apeíron” e Anaxímenes afirma que o elemento fundamental é o ar. Além desses, outros pré-socráticos também merecem destaque como Pitágoras (o mesmo do teorema matemático) que afirma que o número é o elemento básico e Heráclito que afirma que tudo está em movimento (teoria mobilista).
Mais tarde já durante a democracia ateniense durante o século V a. C. há uma mudança no pensamento filosófico. A busca pelo elemento fundamental deixa de ser o foco e agora – graças às transformações do período – o interesse é o homem e sua relações políticas. Por isso, é nesse contexto que surgem os sofista,mestres itinerantes que percorrem as cidades ensinando retórico, razão, a dialogar a contra-argumentação.
A linguagem, o diálogo fazem parte da democracia ateniense (pelo menos para a parcela mínima da sociedade que é considerada cidadã) e representa a possibilidade de entendimento mútuo. As decisões são tomadas em reuniões, em assembléias. É nesse contexto que surge o interesse pela filosofia dos sofistas que ensinavam aos cidadãos dispostos a pagar os elementos fundamentais para serem “fortes” dentro daquela democracia: a capacidade da retórica, da argumentação, etc.
O termo sofista vem de “Sophos” que significa professor de sabedoria. Contudo, adquiriu caráter depreciativo de homem que engana as pessoas. Seus ensinamentos são caracterizados por dois pontos: o Humanismo e o Relativismo (ou seja, não há verdade única).
Seus dois principais nomes são Protágoras e Górgias. Protágoras, foi o primeiro sofista e também o mais importante. Para ele o homem é a medida de todas as coisas pois é o homem quem constrói ou destrói a verdade, ou seja, ela é relativa. Seu pensamento foi bastante criticado pois ele favorece o subjetivismo.
Por sua vez Górgias de Leontinos pregava o Ceticismo Absoluto foi um dos maiores oradores e principais mestres de retórica de seu tempo.
Sócrates
Sócrates é uma referência para a Filosofia – por esse motivo os filósofos que o antecedem são conhecidos como pré-socráticos e os que vem depois dele são chamados de pós-socráticos. Sua concepção filosófica é conhecida como o método de análise conceitual através do qual busca a definição das coisas.
Basicamente, sua atuação era feita em duas partes: A IRONIA (questionamento), pela qual faz questionamentos até que o indivíduo cheque a conclusão de que realmente não sabe de tudo sobre tal tema. E, posteriormente, a Maiêutica (o Parto) onde o indivíduo “nasce” para o pensamento filosófico.
Sócrates assemelhava sua atividade a de seus pais, um escultor e uma parteira, pois fazia nascer um indivíduo capaz de refletir e questionar (ou seja, com atitude filosófica).

Por suas ações acabou mal interpretado e foi morto pelo governo de Atenas.

quinta-feira, 5 de março de 2009

BEM VINDO A MATRIX DO MUNDO REAL

BEM VINDO A MATRIX DO MUNDO REAL

O filme Matrix, criado pelos irmãos Wachowski em 1999, conta a história de um jovem chamado Neo. Como boa parte dos nossos jovens, Neo é viciado em computador. Um belo dia durante um sonho, ele é surpreendido por um encontro inusitado. Nesse encontro, o jovem conhece o personagem Morfeu. Na mitologia grega, Morfeu era um espírito, filho da noite e do sono. Ao pousar sobre um ser humano, tocava-o com uma papoula vermelha e lhe fazia adormecer e sonhar, também poderia aparecer nos sonhos através de uma forma humana. Foi exatamente dessa maneira, através de um sonho, que Morfeu, encontrou Neo e afirmou que a realidade que as pessoas vivem, inclusive Neo, é uma farsa e que ele, Neo, é o escolhido para libertar a humanidade dessa farsa.
Morfeu dá então a Neo a oportunidade de se livrar da venda que o impede de ver o que realmente se passa e viver o mundo real fora da “Matrix”. Para isso, Neo teria que optar entre tomar a pílula vermelha - que lhe mostraria a realidade - ou, tomar a pílula azul - que manteria Neo na sua vida normal dentro da “Matrix” e lhe faria esquecer aquele sonho.
A filósofa Marilena Chauí, em seu livro Convite à Filosofia nos fala um pouco sobre a Matrix. Vejamos:
“Essa palavra é latina. Deriva de mater, que quer dizer ‘mãe’. Em latim, matrix é o órgão das fêmeas dos mamíferos onde o embrião e o feto se desenvolvem; é o útero. Na linguagem técnica, a matrix é o molde para a fundição de um peça; o circuito de codificadores e decodificadores das cores primarias (para se produzir imagens) e dos sons (nos discos, fitas e filmes), e, na informática, é a rede de guias de entradas e saídas de elementos lógicos determinadas intersecções.”

A Matrix do filme cria uma realidade imaginária em que as pessoas vestem, comem, bebem, se divertem e até pensam situações falsas, manipuladas. Ela controla a inteligência humana para dominar o mundo. A realidade criada pela Matrix torna os homens escravos, usando sua imaginação para fazer eles crerem no que as coisas aparentam ser, e não no que elas realmente são, ou seja, os torna alienados .
Neo, o personagem principal do filme, tem a missão de destruir a Matrix e, conseqüentemente libertar a humanidade de uma realidade que não existe, da alienação.
Mas, qual é a relação entre estar diante de jovens aparentemente desinteressados, irrequietos e barulhentos, em uma sala de aula ensinando História e o filme Matrix? Bem, para Neo, vencer a Matrix é assegurar aos seres humanos a possibilidade de perceber e compreender o mundo.
Teoricamente, esta é também a missão do professor(a) de História. Temos a responsabilidade de apresentar a História como um processo onde os homens são agentes das transformações que ocorrem ao longo do tempo. Como Neo, temos a missão de derrotar a Matrix do mundo real dando aos alunos a chance que possibilite perceber e compreender o mundo.
Em nossa sociedade, assim como no filme Matrix, vive-se uma realidade manipulada. Muitas de nossas vontades e necessidades são manipuladas. Quem nunca se deparou com uma terrível vontade de comer chocolate no meio da madrugada só porque lembrou do garoto do comercial que dizia: “Compre Baton, compre Baton” ou ainda “Beba Coca-Cola”, ou daquele outro jingle “Pipoca e Guaraná”.
Informações manipuladas não ficam restritas aos comerciais de TV. O historiador Rubim Santos Leão de Aquino mostra no livro Brasil: uma história popular como nossa realidade é manipulada:
“O jornalista Aloysio Biondi exemplificou muito bem este tipo de comportamento da imprensa. Ele nos contou em pesquisa feita após o Plano Real mostrando que o endividamento da classe média saltou de 20% para 40%.. Isto significa que grande parte dos salários estava comprometida com os juros, cheque especial, prestações, cartões de crédito etc. O que isto significa? Que havendo menos dinheiro, compra-se menos. Isso acarreta recessão e desemprego. Sabem como a imprensa noticiou esse fato? Assim: Dobram o acesso do consumidor ao crédito. Aloysio Biondi chamava essa prática de manchete às avessas. Ele contou também que, em 1997, se vendiam 180 mil carros por mês Nos últimos meses de 1999, vendiam-se apenas 80 mil. E sabem como foi dada a notícia? Dessa forma: No próximo mês o setor automobilístico deve cresce de 10 a 20 por cento.”

Essas manipulações também ultrapassam os muros das escolas e chegam às aulas de História. Quem nunca leu nos livros de História as proezas do “líder” da Inconfidência Mineira Joaquim José da Silva Xavier – O Tiradentes, ou os atos “heróicos” dos Bandeirantes ou ainda, a bravura de D. Pedro I ao dar o grito do Ipiranga, a bondade da Princesa Isabel que libertou os escravos?
Essa situação torna ainda mais complexo o dia-a-dia dos professores de História que também são obrigados a lidar com outras situações como má remuneração, falta de preparo, violência, etc.
Diante desses fatos nos perguntamos: Será que nós professores temos condições de sermos destemidos “heróis” como o do filme Matrix ou simplesmente preferimos (ou não temos chances) ser meros reprodutores de falsas informações. Qual a realidade das escolas? E as instituições de ensino também permitem uma fuga da Matrix da falsa realidade? Qual a realidade de nosso aluno? Somos capazes de entendê-la? Até que ponto o ensino e o aprendizado de História é prejudicado pelas informações deturpadas?
O texto desse trabalho não conduz a respostas definitivas sobre a relação de ensino e aprendizado de História. Mas, pretende contribuir para a necessária reflexão dos professores e levá-los, se possível, a buscar mudanças que sejam pertinentes e que possibilitem a um melhor aprendizado da disciplina História, permitindo aos alunos fugirem da decoreba e das visões heróicas e factuais.

Consideração sobre a presença holandesa no Brasil durante a colonização

Durante o início da colonização do Brasil a Holanda e POrtugal eram parceiras na produção do açúcar. Eram os flamengos que financiavam a produção nos engenhos, quem transportava o açúcar e ainda, quem refinava esse produto.
>>> A HolandaJustificar
A Holanda e a atual Bélgica eram - durante o século XVI - formadas por dezessete províncias conhecidas como Países Baixos. Essa região praticava um intenso comércio marítimo e as províncias eram praticamente autonomas, porém, havia certo atrito em relação a administração espanhola na região (entre outro fatores, os espanhóis tentavam impor a fé católica as provincias que seguiam o calvinismo). O resultado foi uma revolta em 1563.
Durante o conflito os Países Baixos acabram divididos, o SUl permaneceu sob domínio espanhol e mais tarde originou a atual Bélgica; o norte, se revoltou e se libertou do domínio da Espanha originando a Holanda no ano de 1579.
A Holanda já nasceu bastante próspera economicamente com uma forte frota mercante e vasto comércio. O conflito envolvendo a Holanda e a Espanha se estende até 1609 quando ambos firmaram um acordo - A trégua dos 12 anos.
Graças ao acordo a Holanda retomou suas atividades no Nordeste do Brasil - que desde 1580 era administrado por Felipe II rei da Espanha. Acredita-se que os Holandeses transportavam uma média de 50 mil caixas de açúcar do Brasil para a Europa.
Contudo, com o final do acordo (1621) todos os portos da Espanha, Portugal e suas colônias foram fechados aos Batavos.

>> Invasões Holandesas
Salvador foi o alvo da primeira invasão holandesa ao Brasil, a escolha se deu pois a capitania era a sede do governo geral no Brasil fator que levou os holandeses a acreditarem que dominando tal capitania seria possível dominar todo o território. Essa invasão foi financiada pela (WIC) Companhia da Ìndias Ocidentais empresa criada com o objetivo de financiar o comércio holandês na América e administrada pelo Estado.
Cerca de três mil homens e vinte e seis navios invadiram Salvador controlando a cidade em algumas horas. Contudo, a resistência foi muito forte e em um ano os holandeses foram obrigados a se retirar de Salvador sem conseguir penetrar no território.
Porém, novo esforço foi destinado a conquista do Nordeste. Cerca de 70 navios chegaram a capitania de pernambuco e seus tripulantes estavam determinados a dominar a capitania (a maior produtora de açucar). Mais uma vez a resistência utilizou tática de guerrilhas e seu comandate Matias de Albuquerque mostrou-se muito firme na coordenação de seus homens. Contudo, Albuquerque não contava com a "traição" de Domingos Fernandes Calabar que optou pela dominação holandesa a luso-espanhola.
Os holandeses avança sobre o Rio Grande e a Paraíba. Escravos aproveitam a situação e fogem para Quilombos (foi nesse momento que o Quilombo dos Palmares mais cresceu). A luta não foi fácil com vitórias e derrotas para ambos os lados. Após sete anos de conflitos pouco a pouco donos de engenho aceitaram o domínio Holandês.

>> O governo de Nassau

João Mauricio de Nassau administrou o Brasil durante 1637 e 1644 seu governo ficou caracterizada pela boa relação de Nassau e os nativos. O holandês consedeu créditos aos donos de engenho que puderam reaparelhar seus engenhos e consequentemente, produzir mais. também foi hábil na preocupação de manter um clima de tolerência religiosa.
Contudo, em 1644, a Companhia das Índias Ocidentais entrou em desacordo com Nassau e ele acabou se retirando do BRasil holandês.
A saída de Nassau levou ao processo que deu origem ao fracasso do BRasil Holandês culminando nas Batalhas dos Guararapes (1649).
Os Holandeses deixam o Brasil mas, recebem indenizações de Portugal: as ilhas molucas, o Ceilão e quatro milhões de cruzados. Contudo, a maior vantagem que os holandeses tiveram foi a possibilidade de produzir açúcar em outras áreas que nao o Brasil, o que ocorreu nas Antilhas. A produção de açúcar pelos Holandeses nas Antilhas fez o preço do produto cair o que levou ao fracasso da produção aqui no Brasil. Portugal então havia que buscar alternativas para a sobrevivencia de sua coroa.